sábado, 12 de maio de 2012

À mãe primeira

Ali estende seu corpo
Extenso como um rio,
Dessangrado,
No leito por onde
Passam todos, indiferentes
Aos sonhos que ainda
Por ali pairam,
Que ainda há pouco foram sonhados.

Traz consigo sua fé
Extensa como a terceira margem do rio,
Dessangrada,
E nas costas carrega a marca
Da escravidão.

Odé, seu pai, caçador
E perseguido como ele,
Com seu arco, sua flecha e sua dança
Lhe abre os caminhos nos perigos da madrugada.

O negro sorri, seu sorriso cobre a cidade,
E se espraia a bondade
De sua sede de redenção.

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