terça-feira, 2 de novembro de 2010

Bifurcação

Concebo a dimensão da importância que tinham
Minha solitária companhia
E as conspirações que em meu peito se perpetuaram
Entre ilusões retrógradas e diversas.

Sem meu corpo transfigurado
Perdi tudo quanto era necessário:
As falas desdenhosas,
A maciez maquinada
Por seres extraviados
Que romperam a barreira
Do meu não-ser instável,
A facilidade com que me movia facilmente
Entre as nuvens densas
Da minha intrínseca melancolia.

Um infortúnio veio ser meu companheiro:
Não havia mais sol nem estrela nem baluarte,
Pois no meu leito apenas um feixe de luz lunar
Acomodava-se entre minhas desventuras:

O que seria eterno propagou-se no crepúsculo
E eu vi-o tornar-se vapor
Na hora mais imprópria do dia:
Insubstituível, mas inevitável:
O tempo estéril do ócio amoroso
A contemplar penosamente o passado inglório.

2 comentários:

  1. Construção lírica incrível! É isso que faz sua poesia. Intensidade, criação, subjetivismo, mas uma subjetividade que consegue formar imagens na cabeça do leitor.

    Sua carga poética parece crescer a cada poesia.

    Te amo.

    Beijos.

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  2. O tempo - em qualquer tempo.
    Nos embates do ego, há um eu que sempre [cons]pira.

    abraços, Felipe.

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