domingo, 4 de março de 2012

A Passionária

Como a Passionária, que transita
Entre a morte e o futuro,
Será minha poesia,
Voz dos que voz não têm ou não tiveram.

Se, acaso, uma gota de sangue
Manchar minha poesia,
Assim ficará como na história:
Poemas e armas contra o tirano,
Passionária com seu grito de guerra e paixão.

Não passarão!

Quando todos pareciam rendidos,
Quando o teu próprio país
Ficou submerso no sangue,
Quando uma mortalha fúnebre
Cobriu a tua Espanha,
Passionária,
A tua voz fez-se distinta,
Fez-se colérica, fez-se indômita,
Fustigou a vanguarda, manteve
Erguida a bandeira.

Sei
Que nos gabinetes onde se arquitetavam
As mortes, o teu nome passava sorrateiro,
Como um arrepio.
Temiam, os generais, não um simples nome,
Mas uma mulher que organizou,
Uma mulher que agrupou,
Uma mulher que foi todas as mulheres
E todos os homens e todas as crianças
E toda a Espanha.

A morte, então, povoou a tua pátria.
A vida, porém, foi mais forte contigo.

2 comentários:

  1. Fantástico! Você sempre intenso, completo, arrebatador. Sabe o quanto eu te amo? Sou sua fã.

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