quinta-feira, 31 de maio de 2012

Vida pequenina


Quando chorando as tristezas
Da cidade, ou caminhando
Em contato com ela,
Não esmorece teu riso.

Intimorata, alegre vais aceitando
Os convites, abraços, gozos, alimento,
E agradeces porque te dás,
E agradeces porque te pagam.

Sem esse contrato selado por gozos,
Por vezes unilaterais, vida talvez
Nem terias mais, ou não tens,
Desde quando suja de barro,
Criança ainda, te violaram o corpo
Dois rapazes que hoje te compram.

Um comentário:

  1. Muitos dizem que as palavras não são suficientes, que elas não são capazes de explicar as sensações mais complexas e os sentimentos mais profundos. Tá... tudo bem. Mas quem disse que a intenção é esgotar o mistério? Desvendar o enigma do que é inexplicável, confuso, secreto... HUMANO? Sei que se é possível chegar ao menos perto dessa síntese, você se aproxima bastante, e é maravilhoso, pois me faz perceber que o bichinho que me arranha por dentro também arranha você... Ai que bom que existe a escrita, que bom que existe você, que bom que existe a tua poesia. De verdade. Mesmo.

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