terça-feira, 21 de maio de 2013

E agora, Drummond?



E agora, Drummond?

Nenhum anjo torto
que vive na luz
veio dizer: volta, Carlos, a ser gauche na vida!

Tua voz não declama,
e tua estátua não conversa,
teu bronze não te protege,
e roubaram teus óculos,
e não podes enxergar,
e agora, Drummond?

Se pudesses sorrir
nas fotografias dos gringos,
se pudesses levantar
para um dedo de prosa e uma dose de pinga,
se pudesses chutar
a pedra do caminho...
mas não podes,
és defunto, Drummond!

A vida acabou,
o povo agonizou,
o povo resistiu,
o povo sorriu,
o povo não leu,
e agora, Drummond?

Se gritasses,
se clamasses,
se reagisses,
eu cavaria os sete palmos
só para te resgatar...
Mas tu não gritas, Drummond!

A terra cobriu,
a vista escureceu,
porque teus ombros
não suportaram o mundo.
E o galo cantou,
mas pra ti era noite,
e todos sabem q não vens,
mas todos sabem que vais,
Drummond, para onde?

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