sábado, 13 de março de 2010

Renúncia

Jaz em seio noturno
O sol da vida.
Pudera um ser taciturno
Gozar a felicidade na fronte querida?

Se me for dado
O privilégio de beber as águas do Letes,
Já que um ser desgraçado, frustrado,
Jamais encontra alma que o complete,
Estarei redimido,
Pois da vida sou descrido!

Oh, Érebo, tu que és o verdadeiro criador!
Tuas trevas rodeiam-me, turvam-me a visão;
Trovas calam-se, perdem-se na escuridão;
E morro tal qual o amor!

Será o féretro macio?
Troco, neste momento,
Desta vida o vazio
Pelo cobiçado perecimento.

10 comentários:

  1. Teu poema me fizeste chorar, Felipe.
    E eu já não sei o que pensar e nem o que escrever aqui.
    Eu torço por um fim diferente, mas não este citado aqui. Por favor!

    Um beijo.
    Amo você.

    ResponderExcluir
  2. Meu coração te compreende.
    Sangra junto com o teu. Por dores semelhantes e distinta, mas dores, que me fazem compreender.

    Você é minha luz, independente do final citado. Teu final é o meu.

    Beijo

    ResponderExcluir
  3. Belo exemplar de poesia gótica!
    De todos que gostei, o meu preferido.
    Beijos!

    ResponderExcluir
  4. Ah Felipe, acho que um dos meus poemas preferidos do Fernando Pessoa se encaixa perfeitamente aqui...

    "Enquanto não atravessarmos
    a dor de nossa própria solidão,
    continuaremos
    a nos buscar em outras metades.
    Para viver a dois, antes, é
    necessário ser um." Fernando Pessoa

    Beijos, se cuida viu.
    Que você é bom, você já sabe, não preciso repetir...

    ResponderExcluir
  5. A lua vela a madrugada e o teu poema enluarado, entoou o féretro de um sol do modo mais belo que o breu sepultaria a luz.
    belíssimo!
    bom domingo e boa semana!

    ResponderExcluir
  6. Ah! o preenchimento!
    O que é? O que é?
    Quanto mais nos preenchemos, sentimos uma vontade enorme de que há tanto para ser preenchido; tanto para ser vivido.
    O vazio é o conhecimento - eu acredito. Só se sabe como homem aquele que se deixar ser no vazio na alma; aquele que se encontra no próprio vazio. Depois - eu acredito - sente essa vontade de externar, de viver e querer o próximo para se completar; para expandir o conhecimento que encontramos em nós, assim formando outra vida.
    Fê, no fundo de nossa alma nunca estaremos sós, sempre temos os alicerces que nos faz continuar; sempre alguém para refletir os nossos medos e glórias.

    Eu me sinto completa por encontrar em você o mesmo sopro de vida que me aflige.

    P.s.: adorei o novo formato do blog. Saudades!

    ResponderExcluir
  7. Blog criado com uma intenção: Diminuir a distância entre a mente e o coração.


    Adorei a descrição do blog Felipe!!!
    E gostei sinceramente da mudança tambem.Gosto de mudanças.E gosto da leveza.Acho que é o novo amor que vc mencionou.Muitas muitas felicidades pra vc amigo!!

    ResponderExcluir
  8. Cara, eu tenho medo quando você fica com esse estado de espírito.
    Dói muito. A poesia é linda, mas dói.

    Acho que tenho o direito de te ver bem, pois sou a pessoa que mais te ama nessa vida.

    Seu comunista safado, há muita vida aí. Então levanta, porra!

    Mesmo fúnebre, você é genial:
    "Jaz em seio noturno
    O sol da vida."
    Metáfora pura!

    Você merece o melhor, Felipe Braga.
    Te amo.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  9. Plavras funebres que tocam o fundo de minha alma com jami tocaram quaisquer outras palavras suas que fazem aplpitar meu coraçao com tamanha maestresa.
    So tu tens esta forma de amar e reproduzir.

    ResponderExcluir
  10. Álvares de Azevedo te abençoa.
    E Byron faz um brinde à ti na taça feita de crânio.
    Você me ensinou a admirar isso. Seu infame. kkkk
    Comunista sem alma. Ela pertence a mim. rs

    Beijos.

    ResponderExcluir